quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

De Todo Homem de Trinta



Homem de Trinta

Quase que eu fui pro buraco
Por pouco não fui morar no porão
Dancei mas não sei não
tive cuidado
De ter os pés quase sempre no chão
E a cabeça voando como se voa na imaginação
Longe do resto do bando
Mas sempre perto do meu coração

Depois de algum tempo nisso
Indo no fundo e voltando pra ver
Eu me descubro, amor, dentro do vício
Maravilhosamente a renascer
Amando a vida como ama
o entalhador um pedaço de pau
o pescador o seu rio
e o sofredor sua mulher fatal

Hoje com os olhos mais claros
olhando as coisas como as coisas são
Eu me desenho, amor, como se pinta um quadro 

novo com o brilho e a cor
De todo homem de trinta

Trinta moleques que o tempo criou
E muito embora eu não sinta
Eu sei que eu sou o que eu fui e o que sou

Tenho almoçado e jantado
Tenho tomado café da manhã
Barra pesada não, muito obrigado
Tenho levado uma vida sã
Tenho tomado algumas
E tenho amado uma mesma mulher
Eu tenho andado sem turma
Mas solitário eu sei que não dá pé. . .
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