domingo, 6 de março de 2011

De Outros Carnavais


A Semente

Do sangue à semente,
No solo, o doente.
A praga, a peste
Fica bonita quando bem se veste.
Tons de mentira,
Germina, nasce, desfila.



21 Anos

O circo hoje não abriu.
A vida hoje não fluiu.
O preso não fugiu.
O palhaço não sorriu.
O mendigo não bebeu.
A mãe do morto não sofreu.
O corte feito a faca não doeu.
O tempo não passou.
O pássaro não voou.
O pior,e o que mais assustou;
Hoje o som da palavra amor não ecoou.


Repentina Serpentina

Máscaras deformadas adornam tristes segredos,
E com os braços cruzados pude ver a multidão em chamas.

Anjos algemados por víboras vivas eram escalpelados e banhados em sal, por bonecas enfurecidas.

Mas estava eu a salvo, pois fingi-me de morto e camuflei-me em grupos hediondos.

Rezei pela cura em silencio, enquanto avançavam os soldados do caos.

Meu aniversario é daqui poucos dias.



Quarta Feira de Brisas

Conquistarei o cetro e a coroa do amor puro.
Serei a busca do que quero, e o alvo do que procuro.
E como grande admirador das artes,
Salvarei as cores primárias do escuro.



Encerramento

Um dia a fantasia rasga.
A máscara cai.
A música para.
Um dia o sorvete escorre.
O fogo apaga.
E Deus morre.
O palhaço que antes cantava, agora sofre.

Glauther Duarte
...