sexta-feira, 30 de julho de 2010

Alta Fidelidade

Alta Fidelidade

“O que veio primeiro? A música ou a miséria? As pessoas se preocupam com crianças brincando com armas, vendo vídeos violentos, como se a cultura da violência fosse consumí-las. Mas ninguém se preocupa se escutam milhares de canções sobre sofrimentos, rejeição, dor, miséria e perda. Eu ouvia música pop porque era infeliz ? Ou era infeliz porque ouvia música pop ?” Essa frase, dita por Rob Gordon (John Cusack), diretamente para as câmeras, abre a deliciosa comédia romântica Alta Fidelidade, um desses filmes que fica melhor a cada vez que é revisto. Existe sempre uma entre as dezenas de músicas na qual não se tinha reparado, uma cena que passou despercebida, enfim, existe sempre um novo aspecto a ser descoberto.

Rob, profundo conhecedor do universo da música pop, não consegue levar adiante um relacionamento amoroso. Após ser abandonado pela namorada Laura (Iben Hjejle) decide fazer uma lista dos cinco maiores foras que levou na vida e vai procurar as envolvidas para tentar entender o que faz dele a pessoa mais rejeitada do mundo.

Enquanto essas histórias se desenvolvem, paralelamente o espectador conhecerá Barry (Jack Black, impagável) e Dick (Todd Louiso), funcionários voluntários da praticamente falida Championship Vinyl, loja de discos de vinil, romanticamente mantida por Rob. É lá que os três passam os dias fazendo suas listas “top 5” – as cinco músicas do labo B dos discos, as cinco músicas para se tocar no dia da sua morte, as cinco profissões que gostariam de ter – e espantando os poucos clientes que aparecem, principalmente aqueles cujas preferências musicais são diferentes das deles. A cena em que Barry se recusa a atender um senhor que entrou na loja procurando a música “I just called to say i love you”, de Steve Wonder é antológica. “Você lá conhece sua filha ? Ela odiaria essa música a não ser que estivesse em coma !”, diz ele.

O filme é delicioso para quem conhece um pouco sobre o universo pop. A trilha sonora é uma das mais elaboradas de todos os tempos, com músicas que vão de Bruce Springsteen (que faz uma pequena ponta no filme, como ele mesmo) até Velvet Underground, passando por Bob Dylan, Marvin Gaye e Queen, entre dezenas de outros. Mas mesmo para aqueles que não possuem esse embasamento musical, a divertida procura de Rob pelas suas ex-namoradas, as tentativas de reatamento com Laura, e seus dramas existenciais já serão o bastante para tornar o filme um programa muito agradável.

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