Biografia"Blind" Willie Johnson, um dos bluesmans mais influentes de todos os tempos, é certamente uma das "lendas" mais marcantes dos blues, principalmente pelas histórias obscuras e fortes de sua vida. Americano, do Texas, nasceu em 1887 e logo aos cinco anos os rumos da vida dele estariam traçados: decidiu ser pastor e, além disso, criou a sua própria guitarra, uma cigar box guitar, um instrumento que é uma espécia de guitarra feita com uma caixa de charutos servindo de caixa de ressonância, podendo ter de uma a seis cordas e ter ou não trastes. Este tipo de instrumento se popularizou na época da grande depressão e a crise de 29, quando o povo não tinha dinheiro para comprar instrumentos e o jeito era improvisar, criando este novo instrumento. Pouco tempo depois, "Blind" Willie ganhou de seu pai um violão de doze cordas, o deixava tocando em esquinas para ganhar dinheiro e desse modo ele aprendeu a tocar.
Escura Era A Noite, Frio Era O Chão
Por ser da raíz do blues, numa época em que se tocava apenas no violão e em cigar box guitar, se pode imaginar que a qualidade das gravações não seja maravilhosa, porém, são suficientemente boas pra deixar o cara vidrado no som. Desde a criação de sua própria guitarra, ele pegou o jeito e ficou na ativa de 1927 até 1940. Bom, agora, um fato MUITO marcante é ele ser cego e fazer o que fazia. Willie Johnson não nasceu cego e não se sabe ao certo como ele ficou assim, porém, a versão mais provável do fato e provavelmente a verídica, foi contada por Angeline Johnson, que era sua esposa. Segundo ela, após a morte da mãe de Willie, seu pai se casou com uma mulher e esta, das mais safadas, o traiu e ele ficou sabendo, então o pai de Willie desceu o cacete na mulher que num acesso de descontrole resolveu se vingar jogando uma garrafa que continha um ácido, uma espécie de mistura que era utilizada para lavar roupa, na cara de Willie, que logo ficou completamente cego, porém, não perdeu a habilidade e a alma do blues. Não virou padre, porém, seguiu carreira de bluesman gravando vários discos e fez um certo sucesso, misturando blues e gospel, com seu estilo próprio de tocar, usando muito slide no violão, com um vocal de certo modo "agressivo" e rouco, que acaba expulsando os pesos da alma. Sua morte é outro ponto curioso e um tanto lendário no blues. Certo dia ele e sua mulher acordaram com a casa em chamas, que a deixaram em estado precário. Sem dinheiro para nada, ele continuou dormindo e vivendo em um colchão velho entre os escombros e após chuvas acabou pegando uma pneumonia que o levou a morte. Existem suspeitas de que o incêndio tenha sido um ato criminoso praticado pela Klu Klux Klan, uma organização racista dos Estados Unidos que frequentemente perseguia e ainda persegue negros e outras raças.
Entre grandes clássicos seus, estão "Soul Of A Man", que recentemente foi regravada por Eric Burdon. "Nobody's Fault But Mine", que poucos sabem, mas é de Willie Johnson, o Led Zeppelin apenas fez um cover dela, assim como pegou "Jesus Make Up My Dying Bed", trocou de nome para "In My Time Of Dying" e remodelou-a, porém, a base da música é a mesma criada por Johnson. Como eu já comentei, o cara era muito religioso e isso está explícito nas músicas, como "If I Had My Way" que aborda a história de Sansão e Dalila, "Dark Was The Night (Cold Was The Ground)", que é a sua música mais consagrada e fala sobre a crucificação de Jesus. O cara foi e é muito influente em todas as vertentes da música, inspirou nomes como Led Zeppelin, Bob Dylan, Ry Cooder, Eric Clapton e Eric Burdon.
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